O mundo é cor-de-rosa! Duvida? Digita Barbie no Google… O rosa é uma cor geralmente atribuída ao amor e ao romantismo. Na teoria das cores pode estar associada também às emoções, aos afetos, à compreensão. E me parece que é justamente uma falta de compreensão que vem tomando conta do mais novo fenômeno da cultura pop no cinema. O Chico Fireman falou um pouco disso numa crítica bem interessante ao novo filme da cultuada diretora Greta Gerwig, inspirado na boneca da Mattel, lá no Instagram dele.

Filmes do Chico on Instagram: ”“Barbie” seria uma prova de que o cinema acabou em 2023, quando caiu a barreira romântica entre obra e comércio? Se sempre ajudaram a vender produtos, os filmes agora são sobre produtos, sejam eles smathphones, tênis, brinquedos. Sumiu o pudor que deixava a lógica de mercado em segundo plano -- heróis de HQs inspiravam longas que ajudavam a vender bonecos, por exemplo -- e existe até um certo orgulho em fazer um filme sobre uma boneca. Mas por que isso não é exatamente um problema? Numa época em que publiposts e o Only Fans naturalizam nossa relação com a “venda”, filmes de produtos dessacralizam uma relação, até então, idealizada. Greta Gerwig não é uma cineasta qualquer. “Lady Bird” e “Adoráveis Mulheres”, cada um a sua maneira, atualizam gêneros. No último, ela ousa modificar o clássico, desafia o lugar comum. Em “Barbie”, faz algo parecido: invade o terreno “inimigo”, toma posse de uma instituição de mais de 60 anos e usa tanto seus clichês quanto suas conotações mais questionáveis para “brincar” com ela como quer. É um filme de muitas piadinhas, mas qual seria a melhor maneira de desconstruir um conceito dentro de um projeto bancado pela dona desse conceito se não a convidando a rir de si mesma e assumir que esse império foi construído pelo achatamento da ideia da mulher na sociedade? Gerwig sabia muito bem que precisava jogar dos dois lados, dentro de um ambiente dúbio, para chegar onde queria. A Mattel, dona da Barbie, entendia que precisava permitir a brincadeira para que sua marca pudesse atravessar uma série de estigmas e se perpetuar. Não esconder esse interesse comercial gigantesco é uma decisão estratégica. Mais interessante ainda é como Gerwig passa por cima desse paradoxo e abre espaço para falar de empoderamento, o que lhe tão caro. Numa época em que redes sociais ditam regras, o discurso da personagem de America Ferrera foi feito para viralizar e isso é uma arma. Tomar para si a lógica tão masculina das piadas é político. “Barbie” não é uma revolução, é bobo e inteligente, sinal dos tempos. Se o cinema morreu, renasceu cor-de-rosa, dentro do mercado, cheio de dinheiro para cutucar o patriarcado e ainda dividir os lucros com isso. #barbie” July 19, 2023
Vou me ater a outra questão preocupante. O Conselho Nacional de Autorregulação Publicitária (Conar) voltou atrás de uma decisão de suspender a exibição de um dos trailers do filme Barbie em sessões de filmes com classificação indicativa inferior a 12 anos. É o primeiro trailer, um teaser na verdade. A decisão havia sido tomada após o conselho receber denúncias contra a peça publicitária. O mais grave, segundo a denúncia: uma criança quebrando cabeças de bonecas. A relatora do Conar solicitou info…